Loteria, do italiano lotteria,
é o jogo de azar cujos prêmios sorteados
correspondem a bilhetes numerados. Há quem imagina que a origem das loterias é
cousa recente, ou, quando muito, do reinado de Luís XIV. Na verdade, este tipo
de jogo foi originado em Paris, no ano de 1644, por uma ordenança denominada baneo, ou baneo real. Havia muito tempo em que os jogos de azar eram praticados
por bancos da Holanda e em toda a Itália, inclusive em Lyion e em Cairo, no
Egito. Mas foram os italianos que os
introduziram na França. Nos primórdios do reinado de Luís XIV, todas as
damas da corte jogavam a loteria. Pouco tardou para esta espécie de jogo se
sujeitar à vigilância policial, de forma que, para que muitas pessoas não caíssem
em ruína, fixou-se um determinado preço para cada bilhete jogado, sendo
estipulado que haveria dois meses de espaço entre a aposta e a extração dos
lotes, e que os números seriam tirados da roda por um menino. As coisas se
seguiam em perfeita ordem, quando seus corporações de mercadores se queixaram
que a loteria lhes prejudicava o negócio, até que, em 1657, aboliu-se a loteria;
porém, logo no ano seguinte foi estabelecida mais uma vez, sendo o prêmio
proposto em dinheiro vivo.
Em seu belo romance “Dom Casmurro”, o genial machado de Assis, discorrendo
sobre a “sorte grande” de sua personagem Pádua, escreveu: “Pádua era empregado em repartição dependente do ministério da guerra.
Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a
casa em que morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade
dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. A primeira
idéia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo do Cabo, um
adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar
vir da Europa alguns pássaros, etc.; mas a mulher, esta D. Fortunata que ali
está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, alta, forte, cheia,
como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse
que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às
moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de
minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. Nem foi só nessa ocasião que
minha mãe lhes valeu; um dia chegou a salvar a vida do Pádua.”
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É isso!
a origem da palavra não é seu significado
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