O termo Classicismo é formado da palavra clássico e do sufixo ismo,
estando fundamentando na literatura e nas artes da Antiguidade greco-latina. A
época do Classicismo principia em 1527, quando Sá de Miranda, regressando da
Itália, divulga em Portugal os novos ideais estéticos; e termina em 1580,
quando falece Canes e Portugal se transfere para o domínio da Espanha.
Constituindo a faceta estética da Renascença, o movimento clássico, assim
chamado porque objetivava a imitação dos antigos gregos e latinos, deu margem
ao cultivo da poesia, da historiografia, da literatura de viagens, da
novelística, do teatro clássico e da prosa doutrinária (Massaud Moisés: “A Literatura Portuguesa através dos textos”).
A imitação dos modelos greco-romanos da Antiguidade está na base da renovação
literária surgida no Renascimento e que tomou o nome de Classicismo. Como nas
outras artes, também na literatura isso não significava copiar, mas sim
recriar. A partir da técnica - arte -
adquirida no estudo dos clássicos, os escritores renascentistas usavam seu
talento pessoal - engenho - para criar suas próprias obras. Dos antigos,
retomaram a idéia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a
expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a
razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade e
desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). Foi da Arte Poética de
Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis. Segundo Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da
natureza ou da sociedade ideal, além de retomar idéias de outros poetas,
reconhecidamente importantes por sua obra. Não se tratava de copiar outros
autores, e sim de assemelhar-se à sua obra. Petrarca comparava esta semelhança
à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam, mas o filho tem suas
características próprias, que o individualizam. O mesmo aconteceria à obra
literária: seria semelhante à de Virgílio, Horácio e outros autores da
Antiguidade, usando o que eles tivessem de melhor, mas conservando seus traços
próprios (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”). A redescoberta da cultura grega, que já era divulgada
pelos humanistas e agora pela imprensa, mostra que a arte dos antigos era
constantemente voltada para o Homem e para a Natureza. Para os gregos, até os
deuses apresentavam características humanas e da natureza. Há, portanto, uma
identificação entre os valores do século XVI e os valores clássicos que passam
a ser cultuados e imitados (Paschoalin e Spadoto: “Literatura, Gramática e Redação”). Dentre os autores inseridos
nesta escola clássica, destaca-se o grande poeta português Luiz Vaz de Camões,
autor de “Os Lusíadas”. Camões, como poeta lírico, cultivou tanto a medida
velha (redondilhas) e os velhos temas da tradição medieval, quanto a medida
nova (o decassílabo) e os novos temas de inspiração renascentista. Hábil poeta
no manejo de ambas as medidas, Camões alcançou maior sucesso no soneto (medida
nova), motivo pelo qual é apontado como um dos três maiores sonetistas da
literatura portuguesa, ao lado de Bocage (séc. XVIII) e de Antero de Quental
(séc. XIX). O soneto foi uma das formas poéticas mais exploradas na Era
Clássica, já que, pela sua própria natureza dissertativa, facilita a reflexão e
a exposição de idéias em textos predominantemente conceituais e lógicos
(William Roberto Cereja e Thereza A. C. Magalhães: “Português: Linguagens”). “Os
Lusíadas” é uma obra inspirada na Eneida de Virgílio e narra fatos
históricos da história de Portugal, em particular, a descoberta das Índias por
Vasco da Gama, com uma linguagem eloqüente, sintaxe ampla e complexa, bem como
a inovação do vocabulário português e idealização da pátria e do povo
português, obra essa que inspiram a nossa literatura brasileira, como
Prosopopéia, O Uruguai, Vila Rica, Caramuru, A Confederação dos Tamoios,
Colombo e a Invenção de Orfeu (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan
P. Teixeira: “Antologia da Literatura
Brasileira”). Inicia-se a ação
quando os portugueses navegam, ao mesmo tempo em que no Olimpo, realiza-se o
Concílio dos deuses. Baco, desfavorável aos portugueses, arma-lhes uma cilada
em Moçambique e outra em
Mombaça. Ambas são desfeitas por Vênus, protetora dos portugueses,
que, como compensação, prepara-lhes acolhida favorável em Melinde, cujo rei
pede a Vasco que conte a história de Portugal. A ação cede lugar ao discurso de
Gama, que enumera os feitos portugueses desde Luso e Viriato até a própria
viagem da qual é comandante. Destacam-se nesta retrospectiva histórica: a
batalha de Salado, o episódio de Inês de Castro, o episódio de Aljubarrota, a
conquista de Ceuta, o sonho profético de D. Manuel. Na parte relativa à viagem
destacam- se: o episódio do velho do Restelo, o fogo de Santelmo, a tromba
marítima, o episódio de Veloso, o gigante Adamastor, a chegada a Melinde.Em
seguida a esquadra parte para a índia. Baco provoca uma tempestade que é
amainada por Vênus. Enquanto isso conta-se o episódio dos “Doze dé Inglaterra”.
Finalmente, os portugueses chegam a Calecute, onde Paulo da Gama, irmão de
Vasco, explica ao Catual o significado das armas e bandeiras portuguesas. Baco
arma nova insídia e Vasco da Gama é aprisionado. É solto pela Catual mediante
resgate. A esquadra inicia o regresso a Portugal e Venus, como prêmio, faz com
que os portugueses aportem na Ilha dos Amores, onde Tétis profetiza a Vasco da
Gama o futuro glorioso de Portugal. (“Enciclopédia do Ensino Integrado e Supletivo”).
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É isso!
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