29 de out. de 2012

As Escolas Literárias: o “Naturalismo”


A palavra Naturalismo é formada de natural (que pertence ou se refere à natureza), mais o sufixo ismo. O Naturalismo enfatiza o aspecto materialista da existência, vendo o homem como um produto biológico, cujo comportamento é resultado da pressão do ambiente social e da hereditariedade psicofisiológica. O homem passa a ser encarado como um ser impulsionado pelos instintos (por isso são freqüentes as comparações com animais), que, por sua vez, são despertados pelas condições do meio social  (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). Tanto na Europa como no Brasil, os movimentos realista e naturalista foram simultâneos chegando, inclusive, a confundirem-se, uma vez que ambos pretendem observar atentamente a sociedade para criticá-la. No entanto, numa tentativa de discriminá-los, poderíamos fazer nossas as palavras de Afrânio Coutinho sobre o Naturalismo: “é o Realismo fortalecido por uma teoria peculiar de cunho científico, uma visão materialista do homem, da vida e da sociedade; é a teoria de que a arte deve conformar-se com Natureza, utilizando-se dos métodos científicos de observação e experimentação no tratamento dos fatos e das personagens.” Essa teoria de cunho científico a que se refere o conhecido crítico teve como base o evolucionismo de Darwin, o positivismo de Comte e o determinismo de Taine (J. Milton Benemann e Luís A. Cadore: (“Estudo Dirigido de Português: Língua e Literatura”). Dentre os autores inseridos na doutrina naturalista, destaca-se: Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-1913): Escreveu alternadamente literatura da mais empenhada adesão aos princípios cientificistas e dos mais lacrimosos melodramas românticos (um romantismo ultrapassado a que a crítica não deu nenhuma importância). Aluísio tem o talento de conferir vida a pequenos agrupamentos humanos, cujos protagonistas se vão social e moralmente degradando por força da opressão social e econômica, ou ainda por força do cego determinismo das leis naturais (influência de Taine). Conquanto seja um escritor social, na rigorosa acepção do termo, Aluísio constantemente fracassa num ponto de honra para os grandes romancistas: sua sociedade não é capaz de produzir grandes tipos humanos. E uma sociedade cuja relevância está em ser sociedade de uma época: os personagens se definem inteiramente dentro dessa sociedade. Não a transcendem. Não são eternos (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antologia da Literatura Brasileira”). A obra naturalista de Aluísio Azevedo é até certo ponto um reflexo da influência de Émile Zola e de Eça de Queirós. São romances de tese, onde o autor interpreta a realidade brasileira do século XIX. O Cortiço tem como cenário uma comunidade fluminense, onde fervilham seres humanos bestializados pelos sentidos. Aluísio Azevedo comunica ao leitor seu extraordinário poder de observação das reações e emoções das pessoas que povoam o cortiço, realçando o comportamento desses tipos que vivem numa moradia coletiva, O autor de O Cortiço analisa e descreve com precisão conglomerados de pessoas de origem diversa, mas iguais na miséria, na promiscuidade, na ignorância (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”).

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É isso!

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