A palavra Naturalismo é formada de natural (que pertence ou se refere à
natureza), mais o sufixo ismo. O
Naturalismo enfatiza o aspecto materialista da existência, vendo o homem como
um produto biológico, cujo comportamento é resultado da pressão do ambiente
social e da hereditariedade psicofisiológica. O homem passa a ser encarado como
um ser impulsionado pelos instintos (por isso são freqüentes as comparações com
animais), que, por sua vez, são despertados pelas condições do meio social (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). Tanto na Europa como no Brasil,
os movimentos realista e naturalista foram simultâneos chegando, inclusive, a
confundirem-se, uma vez que ambos pretendem observar atentamente a sociedade
para criticá-la. No entanto, numa tentativa de discriminá-los, poderíamos fazer
nossas as palavras de Afrânio Coutinho sobre o Naturalismo: “é o Realismo
fortalecido por uma teoria peculiar de cunho científico, uma visão materialista
do homem, da vida e da sociedade; é a teoria de que a arte deve conformar-se
com Natureza, utilizando-se dos métodos científicos de observação e experimentação
no tratamento dos fatos e das personagens.” Essa teoria de cunho científico a
que se refere o conhecido crítico teve como base o evolucionismo de Darwin, o
positivismo de Comte e o determinismo de Taine (J. Milton Benemann e Luís A.
Cadore: (“Estudo Dirigido de Português:
Língua e Literatura”). Dentre os autores inseridos na doutrina naturalista,
destaca-se: Aluísio Tancredo Gonçalves
de Azevedo (1857-1913): Escreveu alternadamente literatura da mais
empenhada adesão aos princípios cientificistas e dos mais lacrimosos melodramas
românticos (um romantismo ultrapassado a que a crítica não deu nenhuma
importância). Aluísio tem o talento de conferir vida a pequenos agrupamentos
humanos, cujos protagonistas se vão social e moralmente degradando por força da
opressão social e econômica, ou ainda por força do cego determinismo das leis
naturais (influência de Taine). Conquanto seja um escritor social, na rigorosa
acepção do termo, Aluísio constantemente fracassa num ponto de honra para os
grandes romancistas: sua sociedade não é capaz de produzir grandes tipos
humanos. E uma sociedade cuja relevância está em ser sociedade de uma época: os
personagens se definem inteiramente dentro dessa sociedade. Não a transcendem.
Não são eternos (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antologia da Literatura Brasileira”). A
obra naturalista de Aluísio Azevedo é até certo ponto um reflexo da influência
de Émile Zola e de Eça de Queirós. São romances de tese, onde o autor
interpreta a realidade brasileira do século XIX. O Cortiço tem como cenário uma
comunidade fluminense, onde fervilham seres humanos bestializados pelos
sentidos. Aluísio Azevedo comunica ao leitor seu extraordinário poder de
observação das reações e emoções das pessoas que povoam o cortiço, realçando o
comportamento desses tipos que vivem numa moradia coletiva, O autor de O
Cortiço analisa e descreve com precisão conglomerados de pessoas de origem
diversa, mas iguais na miséria, na promiscuidade, na ignorância (Maria da
Conceição Castro: “Língua e Literatura”).
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É isso!
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