O termo Pré-Modernismo, originado do prefixo latino pre (idéia de anterioridade), mais o
substantivo modernismo (do francês modernisme). Nas primeiras décadas do
século XX, surgiram no Brasil alguns escritores que, diferentemente da grande
maioria, tiveram uma outra atitude perante a nossa realidade
sócio-cultural. Expressando uma visão
mais crítica e penetrante dos problemas brasileiros, autores como Euclides da
Cunha, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Lima Barreto, em maior ou menor grau,
acabaram por antecipar uma das tendências que marcaram decisivamente o
Modernismo, que é justamente a criação de uma literatura que investigasse e
questionasse mais profundamente o Brasil. Por essa característica, portanto,
esses autores podem ser considerados pré-modernos (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). A “beile époque” brasileira (fins
do século XIX e início do XX) apresenta, na literatura, um entrecruzar de
várias correntes estéticas. Enquanto de um lado se registra a lenta agonia da
proposta realista-naturalista-parnasiana, do outro percebe-se a afirmação da
poesia simbolista e de uma prosa de ficção que, ligada a uma tradição realista,
vai revelar, com profundo senso crítico, as tensões da sociedade brasileira
presa à hegemonia da grande propriedade rural. Existe então uma literatura
oficial, acadêmica que está muito comprometida com a classe dominante e isto é
percebido na linguagem pedante e artificial que ela utilizava (A. Medina
Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antologia da Literatura Brasileira”). Dentre ao autores inseridos
na vertente literária pré-modernista, destacam-se: Afonso Henriques de Lima Barreto (1881- 1922): Mulato e de origem
humilde, sempre se revoltou contra as discriminações. Freqüentou a Escola
Politécnica, mas não chegou a formar-se. Foi funcionário público e colaborava
também na imprensa, tendo trabalhado no Correio
da Manhã, Vítima de depressão, foi internado duas vezes por alcoolismo.
Principais obras, que se voltam para a vida urbana do Rio de Janeiro: Triste fim de Policarpo Quaresma; Recordações do escrivão Isaías Caminha; Numa e a ninfa; Clara dos Anjos. “Triste fim
de Policarpo Quaresma” é um romance em terceira pessoa, em que se nota
maior esforço de construção e acabamento formal. Lima Barreto nele conseguiu
criar uma personagem que não fosse mera projeção de amarguras pessoais como o
amanuense Isaías Caminha, nem um tipo pré-formado, nos moldes das figuras
secundárias que pululam em todas as suas obras. O Major Quaresma não se exaure
na obsessão nacionalista, no fanatismo xenófobo; pessoa viva, as suas reações
revelam o entusiasmo do homem ingênuo, a distanciá-lo do conformismo em que se
arrastam os demais burocratas e militares reformados cujos bocejos amornecem os
serões do subúrbio” - Alfredo Bosi (Beth
Griffi: “Português: Literatura, Gramática
e Redação”). Euclides Rodrigues
Pimenta da Cunha (1866- 1909): Depois de ser expulso do Exército e
readmitido na República, Euclides formou-se engenheiro militar. Em 1897 é
enviado, pelo jornal O Estado de São Paulo, a Canudos para servir de repórter
da Campanha. Foi nessa missão de coragem e sacrifício que amadureceu sua
obra-prima Os sertões. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras. Obras: Os sertões (1902); Peru versus Bolívia (1907); Contrastes
e confrontos (1907); À margem da
história (1909); Cartas de Euclides
da Cunha a Machado de Assis (1931); Canudos
(1939). No que diz respeito à sua principal obra, “Os Sertões”: Logo depois de proclamada a República, o beato Antônio
Conselheiro, com seus inúmeros seguidores,
estabeleceu-se no sertão baiano (Arraial de Canudos) e ali formou uma
comunidade com organização própria. A prosperidade de Canudos começou a
incomodar não só os grandes proprietários rurais da região como também a
própria Igreja. Antônio Conselheiro e seus seguidores foram acusados de
conspirar contra a República. Seguiu-se então a repressão republicana ao
Arraial de Canudos. A luta entre as tropas do governo e os seguidores de
Conselheiro teve quatro etapas, configurando a chamada Guerra de Canudos. As
forças governamentais sofreram três derrotas. Em 1897, uma expedição formada
por quatro mil homens armados conseguiu matar Antônio Conselheiro e dizimar
Canudos. Esse fato histórico serve de matéria para Os sertões, obra dividida em
três partes. Na primeira parte — “A terra” —, Euclides da Cunha faz um estudo
da geografia física da região de Canudos. A segunda parte — “O homem” — é
dedicada ao estudo do tipo humano da região, enfatizando a figura de Antônio
Conselheiro. A terceira parte — “A luta” — narra o conflito propriamente dito (“Faraco e Moura: “Língua e Literatura”). José Bento Monteiro Lobato (1882-1948):
Romancista, contista e jornalista brasileiro, estudou e formou-se na Faculdade
de Direito de São Paulo. Exerce a promotoria pública em Areias. Mais tarde,
compra a Revista do Brasil e funda a Editora Monteiro Lobato. No Rio de Janeiro
começa a escrever peças de literatura infantil. Como adido comercial, parte
para os Estados Unidos (de 1927
a 1931), onde a prosperidade do petróleo e do ferro
muito o entusiasma. De volta ao Brasil, em 1932, inicia apaixonada campanha a
favor da exploração do ferro e do petróleo, como o único caminho capaz de levar
o Brasil a uma era de bem-estar. Esteve preso por algum tempo, sob a suspeita
de estar li- gado a elementos da extrema esquerda. E eleito membro da Academia
Brasileira de Letras, mas recusa a honraria. Em 1945, parte para a Argentina, a
fim de dirigir os trabalhos de tradução de suas obras em uma editora daquele
país (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”).
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É isso!
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