No que concerne à origem da
palavra Romantismo (francês: romantisme), como o próprio nome já faz
entender, vem de romântico com o
acréscimo do sufixo ismo. Romântico,
conforme definição do Michaelis diz respeito aos escritores e artistas que, no
começo do século XIX, se afastaram das regras clássicas, denotando
predominância da sensibilidade e da imaginação sobre a razão. Originário da
Escócia e da Alemanha, o Romantismo foi introduzido em Portugal por Garret, em
1825, com a publicação do poema Camões.
Seu término ocorre por volta de 1865, quando se instala a reforma realista. Durante
esses quarenta anos, três são as configurações assumidas pela estética
romântica: a primeira, em que ainda permanecem atuantes alguns valores
neoclássicos, é representada por Garrett, Herculano e Castilho, e transcorre
mais ou menos entre 1825 e 1838; a segunda, em que se aglutina o chamado
Ultra-Romantismo, é representada especialmente por Soares de Passos e Camilo
Castelo Branco, e vigora entre 1838 e 1860; a terceira, em que se opera a
transição para o Realismo,é representada sobretudo por João de Deus e Júlio
Dinis, e ocupa a década de 60. O Romantismo português acompanha as linhas
gerais do movimento europeu, mas adaptando-o à conjuntura
sócio-econômico-cultural delineada nos capítulos precedentes (Massaud Moisés: “A Literatura Portuguesa através dos textos”).
Concernente à Literatura romântica em sua vertente brasileira: Didaticamente
falando, o ano de 1836 marca o início do Romantismo brasileiro, quando
Gonçalves de Magalhães publica seu livro de poesias Suspiros poéticos e
saudades, considerada nossa primeira obra romântica. Nesse mesmo ano é
lançada, em Paris, a revista Niterói, por iniciativa de Araújo
Porto-Alegre, Torres Homem, Pereira da Silva e Gonçalves de Magalhães, a qual
se torna uma espécie de porta-voz das novas idéias românticas (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). Existe um signo que marca a vida,
a obra e a atitude romântica: a força do sentimento através do qual o homem da
época expressa seu individualismo, a exaltação de seu “eu”. Os românticos
enfrentam mundo e muitas vezes, em suas obras e na realidade, fogem dele.
Alguns, entretanto, querem reformar a sociedade, e seguem lutando por isso;
outros apóiam-se nos valores nacionais e populares. Também em atitude de
desafio. Porque individualismo não é egoísmo. O romântico ocupa-se do “eu e seu
contorno”. Sente-se centro do mundo e, ao mesmo tempo, “uma de suas criaturas”,
interessando-se pelo que o homem tem de singular, pelas complexidades distintas
e originais de cada alma humana (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan
P. Teixeira: “Antologia da Literatura
Brasileira”). São as características do Romantismo: Nacionalismo: As fontes de inspiração clássica (mitologia,
universalidade etc.) foram substituídas por outras: tradição, folclore,
história, índio, heroísmo, pátria, língua; Subjetivismo:
Do homem-universalista do Classicismo passou-se para o homem-individualista do
Romantismo, onde o culto do eu (subjectum)
predomina sobre a perspectiva do outro (obectum);
Sentimentalismo: O sentimento passou
a predominar sobre a razão, o inverso do que ocorria no Classicismo. De início,
o sentimentalismo parecia equilibrado, mas depois chegou ao exagero,
degenerando numa tristeza vaga e mórbida, caracterizando o chamado “mal do
século”; Culto da Natureza: A
Natureza, lugar de paz e tranqüilidade, inspirou o artista e alimentou o sonho
do poeta. O mar, a floresta, os rios, as ruínas, a noite, o mistério, tudo
passou a ser tema poético para o romântico; Idealização do mundo: Os escritores buscavam um mundo perfeito e
ideal, onde houvesse compensação para o seu sofrimento. Enquanto a mulher
somava todas as qualidades humanas, os heróis detinham todos os predicados
possíveis. O exagero, a ânsia de glória, a imaginação hiperbólica perpassam as
obras românticas da época; Liberdade criadora:
Se agora o individual predominava sobre o coletivo, era evidente que a
liberdade no ato da criação para o artista assumia proporções primordiais. O
romântico arrogava a si o direito de julgar o belo e o verdadeiro. Ele queria,
enfim, dar livre curso ao gênio criador e renovador que estava dentro dele J.
Milton Benemann e Luís A. Cadore: (“Estudo
Dirigido de Português: Língua e Literatura”). Em relação aos autores
inseridos nessa escola literária, destacam-se, em Portugal: Almeida Garret (1799-1854), em
Portugal: seu verdadeiro nome era João Batista da Silva Leitão de Almeida
Garrett. Estudou Direito na Universidade de Coimbra. Suas idéias liberais
levaram-no ao exílio na Inglaterra quando um golpe aboliu a Constituição de
1822. Depois de um segundo exílio, no mesmo país, exerceu os cargos de
diplomata e deputado. Garrett é considerado o iniciador do teatro nacional
português. Sua produção tipicamente romântica concentra-se em Folhas caídas, livro de poema inspirado
no seu rumoroso caso de amor com a Viscondessa da Luz. Camilo Castelo Branco (1825-1890): Camilo é o representante mais
típico do ultra-romantismo português. Suas obras mais conhecidas são as novelas
acima citadas. A novela passional era um gênero muito ao gosto do público da
época, e Camilo foi o seu grande realizador. Se em Amor de perdição as
personagens principais morrem pela perda do amor “Faraco e Moura: (“Língua e Literatura”). No Brasil, destacam-se, entre outros: José de Alencar (1829-1877), na prosa:
José de Alencar é o mais importante dos romancistas românticos, devido à
diversidade e extensão de sua obra, à sua linguagem rica e poética, e aos temas
de caráter nacional que utilizou. Segundo Raquel de Queirós, “Alencar é o
verdadeiro pai do nosso romance”. O estilo alencariano é uma das grandes
contribuições à literatura brasileira incipiente. Alencar preocupa-se com o
problema da língua e do estilo. A sua obra traduz particularidades sintáticas e
vocabulares do falar brasileiro. Enriquece a língua literária de inúmeros
tupinismos e brasileirismos. Além disso, seu estilo é sonoro e brilhante, um
tanto declamatório, ao gosto da época (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”). Antônio
Gonçalves Dias (1923-1864), na poesia: Embora seja um dos melhores poetas
líricos de nossa literatura, seu nome é freqüentemente associado ao Indianismo,
pois foi o único a dar realmente uma dimensão poética ao tema do indígena.
Nessa linha, destacam-se os poemas "I-Juca Pirama"; "Canção do
Tamoio"; "Marabá"; "Leito de folhas verdes";
"Canto do Piaga" "Deprecação" (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”).
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É isso!
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