A origem do termo Trovadorismo remonta aos antigos trovadores medievais. O trovador era um poeta lírico,
geralmente uma pessoa culta, que escrevia em linguagem provençal. O nome trovadorismo
é dado à época do florescimento das cantigas, isto é, poemas feitos para serem
cantados ao som de instrumentos musicais, como a flauta, a viola, o alaúde e
outros. Trovador era o nome que geralmente se dava ao autor das cantigas; ao
cantor costumava-se chamar de jogral (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”).
A primeira época da história da Literatura Portuguesa inicia-se em 1198
(ou 1189), quando o trovador Paio Soares de Taveirós dedica uma cantiga de amor
e escárnio a Maria Pais Ribeiro, cognominada A Ribeirinha, favorita de D. Sancho I, - e finda em 1418, quando D. Duarte nomeia
Fernão Lopes para o cargo de Guarda-Mor da Torre do Tombo, ou seja, conservador
do arquivo do Reino. Durante esses duzentos anos de atividade literária,
cultivaram-se a poesia, a novela de cavalaria e os cronicões e livros de
linhagens, nessa mesma ordem decrescente de importância (Massaud Moisés: “A Literatura Portuguesa através dos textos”).
A cultura trovadoresca refletia bem o panorama histórico desse período: as
Cruzadas, a luta contra os mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero. O
período histórico em que surgiu o Trovadorismo foi marcado por um sistema
econômico e político chamado feudalismo, que consistia numa hierarquia rígida
entre senhores: um deles, o suserano, fazia a concessões de uma terra (feudo) a
outro indivíduo, o vassalo. O suserano, no regime feudal, prometia proteção ao
vassalo como recompensa por certos serviços prestados (Maria da Conceição
Castro: “Língua e Literatura”).
Nesse período, além da vassalagem social - que era a fidelidade do servo ao
senhor - havia uma outra vassalagem: a religiosa. Acreditava-se que Deus fosse
o centro do universo (teocentrismo). Essa crença fazia que o homem justificasse
a vida através desse princípio religioso, não acreditando que a vida pudesse
ser transformada pela vontade humana. A Igreja era uma autoridade que divulgava
a supremacia da vida eterna sobre a vida terrena, explicando, assim, o
sofrimento do vassalo como uma forma de se atingir o paraíso eterno. O
sofrimento ligado à salvação espiritual era uma forma de adiar uma mudança
social e econômica: era uma forma de criar vassalos espirituais e sociais
(Paschoalin e Spadoto: “Literatura,
Gramática & Redação”). A produção poética da primeira época medieval da
literatura portuguesa pode ser organizada em dois grupos: a poesia lírica e a
satírica. No gênero lírico, encontram- se as cantigas de amigo e as de amor; no
satírico, sobressaem-se as cantigas de escárnio e as de maldizer. A poesia
lírica caracteriza-se por uma linguagem afetiva ou sentimental e trata
predominantemente de relações amorosas. Sobressai na lírica a função emotiva da
linguagem. A poesia satírica serve à crítica de personagens ou comportamentos e
utiliza uma linguagem humorística que quase sempre ridiculariza o objeto
retratado (William Roberto Cereja e Thereza A. C. Magalhães: “Português: Linguagens”). Concernente à
decadência do Trovadorismo, segundo Douglas Tufano, citando Rodrigues Lapa,
foram duas as principais causas: 1º - o fim do apoio dos nobres: “O lirismo
galego-português, apesar da sua feição nativa, fora cultivado no meio simpático
das cortes de príncipes cultos, que davam o exemplo (Afonso X, D. Dinis). Com o
fim desses mecenas, a produção poética acaba desaparecendo; 2º - o intenso
desenvolvimento do comércio em Portugal: “Realizada a unidade geográfica,
pacificado o reino, o país começou a expandir-se e a revelar um vigoroso
espírito mercantil. Em tempos de D. Fernando (1367-1383), Lisboa era já um
grande empório comercial. Esse novo sentido da vida, virado para as realidades
concretas, não favorecia manifestamente o trabalho da imaginação.”
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É isso!
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