Etimologicamente,
a palavra estética vem do grego aisthesis, que quer dizer algo como: faculdade de sentir ou compreensão pelos sentidos. Segundo o Aurélio, é o estudo racional do belo,
quer quanto à possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de
emoções e sentimentos que ele suscita no homem. Exemplos: Raul Pompéia, de “O
Ateneu”: “O primeiro momento
contemplativo de um amoroso foi o advento da estética, no gozo visual das linhas da formosura, na delícia
auditiva de uma expressão inarticulada, que fosse emitida com expressão, na
comoção de um contato, na aspiração inebriante do aroma indefinido da carne. A
obra de arte do amor é a prole; o instrumento é o desejo”; Euclides da Cunha, em “Contrastes”: “Há uma estética
para as grandes desgraças coletivas. A peste negra na Europa aviventou um
renascimento artístico que veio do verso triunfal de Petrarca à fantasia
tenebrosa de Albert Dürer e ao pincel funéreo de Rembrandt. A dança de S.
Guido, que sacudiu convulsivamente as populações ribeirinhas do Reno, criou a
idealização maravilhosa da dança Macabra. A morte imortalizou os artistas
definidos pelo gênio misterioso de Holbein, e perdida a aparência lutuosa, o seu
espectro hilariante, arrebatado na tarântula infernal, percorreu entre os
aplausos de um triunfo doloroso todos os domínios da arte, das páginas de
Manzoni, às rosáceas rendilhadas das catedrais, às iluminuras dos livros de
Horas dos crentes e ao caprichoso cinzelado dos copos das espadas
gloriosas...”; Eça de Queiroz, em “As Farpas”: “O romantismo não tinha senão convicções estéticas, e satisfazia assim
as necessidades de espírito da sociedade que fez a Revolução, que caiu no
Império, que suportou as guerras de Bonaparte, e cujos cérebros não pediam a
arte de 1830 senão uma coisa: serem acalmados e adormecidos”; Machado de Assis, de “Páginas Recolhidas”: “Elisiário entrou a comentar a bela obra
anônima, com tal abundância e agudeza que me deixou ainda mais pasmado. Que de
coisas me disse a propósito da Vênus de Milo, e da Vênus em si mesma! Falou da
posição dos braços, que gesto fariam, que atitude dariam à figura, formulando
uma porção de hipóteses graciosas e naturais. Falou da estética, dos grandes artistas, da vida grega, do mármore grego, da
alma grega. Era um grego, um puro grego, que ali me aparecia e transportava de
uma rua estreita para diante do Pártenon. A opa do Elisiário transformou-se em
clâmide, a língua devia ser a da Hélade, conquanto eu nada soubesse a tal
respeito, nem então, nem agora. Mas era feiticeiro o diabo do homem”; de “A Semana”: “Peço-te um favor grande, em nome da estética. A estética,
venerando pastor, é a única face das coisas que se me apresenta de modo claro e
inteligível. Tudo o mais é confuso para estes pobres olhos que a terra há de
comer, e não comerá grande coisa, que a vista é pouca e a beleza nenhuma. Não
cuides que, falando assim, peço coisa estranha ao teu ofício. Há muitos anos,
li em qualquer parte, que a moral é a estética das ações. Pois troquemos a
frase, e digamos que a estética é a
moral do gosto, e a tua obrigação, caro mestre da ética, é defender a estética.”
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É isso!
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É isso!
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