A petulância, a inquietação e o desejo contínuo de mudar de lugar é uma das
principais características da cabra.
Assim, os italianos denominaram capriccio,
os franceses caprice, e nós capricho, do latim capra (cabra) as nossas
fantasias e as nossas mudanças repentinas de comportamento. Exemplos de Machado
de Assis: em “Ressurreição”: “Félix começou a sentir-se bem ao lado daquela moça, e
esquecendo de boa vontade a festa em que só aparentemente figurava, ali se
demorou longo tempo com ela, alheio aos comentários estranhos, todo entregue ao
capricho do seu próprio pensamento”; em “A Mão e a Luva”: “Guiomar, embora tivesse ido vestir-se e aprimorar-se, com tão singelos
meios o fizera, que não desdizia daquele matinal desalinho em que o leitor a
viu no capítulo anterior. O penteado era um capricho seu, expressamente inventado para realçar a um tempo a
abundância dos cabelos e a senhoril beleza da testa”; em “Helena”: “Suas
amizades são das que duram a roda de uma valsa, ou quando muito, a moda de um chapéu;
podem satisfazer o capricho de um
dia, mas são estéreis para as necessidades do coração”; em “Iaiá Garcia”: “Talvez
já não pense em casar comigo. Foi um capricho
que passou, como todos os caprichos; foi como a chuva de ontem, que deu apenas
alguns salpicos de nada”; em
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “E
notem que o Quincas Borba, por induções filosóficas que fez, achou que a minha
ambição não era a paixão verdadeira do poder, mas um capricho, um desejo de folgar.”
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É isso!
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