É comum encontrarmos nos romances antigos,
especialmente no século XIX, a figura do “meirinho”, o qual, naquela época,
correspondia ao nosso atual oficial de justiça. Etimologicamente o termo
meirinho vem do latim majorinu, que significa: da espécie mais robusta, ou: maior. Antigamente na Espanha dava-se o
título de maiorino (o maioral) ao
homem que tinha poder para administrar e fazer justiça em alguma vila ou lugarejo.
Dizem os pesquisadores da antiguidade, que Flávio Ervígio, rei godo, sucessor
de Wamba, foi quem iniciou o ofício dos meirinhos. Havia um meirinho para cada
comarca, sendo eles subordinados ao “Adiantado” do reino, o homem forte da
justiça, que logo foi substituído pelo Meirinho-mor. Os tais “maiorinos”
permaneceram atuando nas comarcas até o reinado do rei D. Afonso IV.
Sucederam-lhes depois no cargo os corregedores, ficando os meirinhos
pertencendo à classe dos oficiais menores, que davam execução às sentenças destes corregedores, dentre as quais a prisão e a penhora. Exemplos da nossa
Literatura: de Lima Barreto, em “Triste Fim de Policarpo Quaresma”: “Ultimamente constituíra advogado junto à
justiça federal e lá andava ele de cartório em cartório, acotovelando-se com meirinhos, escrivães, juízes e
advogados - esse poviléu rebarbativo do foro que parece ter contraído todas as
misérias que lhe passam pelas mãos e pelos olhos”; de Camilo Castelo
Branco: “Domingos Botelho bramia contra o
filho, e ordenava ao meirinho geral
que o prendesse à sua ordem. D. Rita, não menos irritada, mas irritada como
mãe, mandou, por portas travessas, dinheiro ao filho para que, sem detença,
fugisse para Coimbra, e esperasse lá o perdão do pai”; de Aluísio de
Azevedo, em “A Condessa Vésper”: “Afinal,
um belo dia estando Pinto Leite em casa a conversa com o filho e Gabriel, foram
interrompidos por um meirinho, que
apresentou ao veterano uma citação em nome do comendador Moscoso”; de
Machado de Assis, em “Bala de Estalo”: “Há
também um (digo?) há também um Meirinho.
O Sr. Neves da Cruz é o encarregado dessas funções citatórias e compulsivas, e
provavelmente não é cargo honorífico; se o fosse, teria outro nome. Não; ele
cita, ele penhora, ele captura os irmãos do Rosário. Assim, pois, esta
irmandade tem um tesoureiro para recolher o dinheiro, um procurador para ir
cobrá-lo e um meirinho para compelir os remissos. Un capo d'opera”; de
Martin Penas, em “O Noviço”: “Os meirinhos entrarão aqui e hão de levar
por força alguma cousa – esse é o seu costume. O que é preciso é enganá-los”.
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É isso!
Dahora
ResponderExcluirMuito bom !
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