A palavra alienado vem do latim alienatus, de alienare: alienar,
que significa: transferido por alheação a outro dono. Por exemplo: alienar o
prédio, a liberdade; alienar os sentidos; alienado do juízo etc. No século XIX,
no Brasil, o termo ficou conhecido para designar o deficiente mental, o
indivíduo que perdeu a razão, ou seja: o louco. Como forma de separar essas
pessoas do convívio social e lançá-los à margem da sociedade, ergueu-se, por
exemplo, em São Paulo ,
o Hospício dos Alienados, estabelecimento criado pela lei provincial nº
12, de 18 de Setembro de 1848, sendo sua instalação datada do dia 14 de maio de
1852. O Hospício funcionou primitivamente em um prédio na rua de São João
(atual Avenida São João), à época, “Freguezia de Santa Iphigenia”. Muitos
outros estabelecimentos semelhantes foram criados no país, onde inclusive eram
internados muitas pessoas alcoólatras, como foi o caso nosso escritor Lima
Barreto, que sempre fez uso deste tema em suas obras, como neste exemplo, do
conto “O falso D. Henrique V”: “De norte
a sul, sucediam-se epidemias de loucuras, umas maiores, outras menores. Para
debelar uma, foi preciso um verdadeiro exército de vinte mil homens. No
interior era assim; nas cidades, os hospícios e asilos de alienados regurgitavam. O sofrimento e a penúria levavam
ao álcool, “para esquecer”; e o álcool levava
ao manicômio”. Machado de Assis também insere o tema da “alienação” em
suas obras. Um dos seus mais conhecidos contos tem por título “O Alienista”, do
qual extraímos um pequeno enxerto, a título de ilustração, sobre a internação
dos alienados: “Os alienados
foram alojados por classes. Fez-se uma galeria de modestos, isto é, dos loucos
em quem predominava esta perfeição moral; outra de tolerantes, outra de
verídicos, outra de símplices, outra de leais, outra de magnânimos, outra de
sagazes, outra de sinceros, etc. Naturalmente, as famílias e os amigos dos
reclusos bradavam contra a teoria; e alguns tentaram compelir a Câmara a cassar
a licença. A Câmara, porém, não esquecera a linguagem do vereador Galvão, e se
cassasse a licença, vê-lo-ia na rua, e restituído ao lugar; pelo que, recusou.
Simão Bacamarte oficiou aos vereadores, não agradecendo, mas felicitando-os por
esse ato de vingança pessoal.”
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É isso!
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