A palavra boteco é derivação regressiva de botequim, que, por sua vez, é o diminutivo de botica. O termo boteco,
para quem imagina o contrário, não é assim tão recente. Monteiro Lobato, por
exemplo, já fazia uso dele, como se pode observar no seu “Negrinha”: “Outro era bêbedo profissional - e talvez
pela mesma razão: informar à roda sobre o que é a vida do clã de adoradores do
álcool que passam a vida nos "botecos”.
Todavia, o termo mais usual em nossa literatura sempre foi botequim, como se pode notar nesses exemplos: de Machado de Assis,
em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “Tivemos
lutas de uma e duas horas, no botequim
do Nicola, a glosarmos, no meio de palmas e bravos”; Aluísio de
Azevedo, em “O Cortiço”: “Às duas horas
da tarde entrou no botequim do Garnisé, uma espelunca, perto da praia,
onde ele costumava beber de súcia com o Porfiro”; de Almeida Garret, em
“Viagens na Minha Terra”: “Vieram três
limões que me pareceram de uns que pendiam, quando eu vinha a férias, à porta
do famoso botequim de Leiria”; de Eça de Queiroz, em
“As Cidades e as Serras”: “Enquanto o adorável, desejado Infante penou no desterro de
Viena, o barrigudo senhor corria, sacudido na sua sege amarela, do botequim do Zé Maria em Belém à botica
do Plácido nos Algibebes, a gemer as saudades do anjinho, a tramar o regresso do
anjinho”; de Lima Barreto em “Histórias e
Sonhos”: “O espanhol Santiago
Ximénez, principal barbeiro da localidade, proprietário do Salão Verdun,
aparecia, às vezes, na tertúlia; recitava um pouco de Campoamor ou citava
Escrich; mas despedia-se logo, a fim de ir para o botequim do Cunha, onde podia unir o útil ao agradável, isto é,
juntar o parati ou a genebra ao poeta de sua paixão - Campoamor - ou ao
romancista de sua admiração – Pérez Escrich.”
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É isso!
É isso!
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