A capacidade do ser humano em criar novas linguagens, em atribuir novos
significados às palavras já consagradas nos seus sentidos originais, é
simplesmente fantástica. Haja vista, por exemplo, os sentidos construídos a
partir de simples nomes de pessoas, como no caso do nome João, que, para o nosso
grande jogador Garrincha (Manuel Francisco dos Santos) passou a significar, na
sua linguagem, um jogador que podia ser facilmente driblado, que não resistia às suas maravilhosas fintas. Temos também o apelido Mané, que denota um indivíduo inepto, desleixado e negligente. E
ainda Zé Mané, que é um Zé Ruela, o mesmo que Bunda-Mole: um indivíduo sem capacidade para tomar
iniciativas, ou seja: um reles Zé
Ninguém. Chico não é apenas o
hipocorístico de Francisco, é também a menstruação, o bode, o boi, a regra. Zé Povinho, que no início de século XX
era o Zé Povo, diz respeito à ralé,
à camada mais baixa da sociedade. Patricinha
(diminutivo de Patrícia) é a mocinha consumista, que esnoba no vestuário. De Maria temos: Maria-mijona: a mulher (ou criança) cujo vestido ou saia tem
aspecto deselegante e bem mais comprido do que aquele padronizado pela moda; Maria-vai-com-as-outras: a pessoa destituída de vontade e opinião próprias, que
se deixa levar pelo que dizem os outros; Maria
Chuteira: a mulher que procura se destacar na sociedade ou que busca se
dá bem financeiramente por meio de
namoro ou casamento com jogador de futebol; Maria Gasolina: aquela mulher que só namora com homem que possui
carro. Bráulio consagrou-se como o
órgão sexual masculino após propaganda do governo a favor do uso da camisinha. A
mesma propaganda (comercial televisivo de 1984) consagrou Fernandinho (diminutivo de Fernando) como o cara elegante, que se
veste bem e que tem sucesso. Ricardão
(aumentativo de Ricardo) é o cara que come sua melhor enquanto você se mata de
trabalhar ou enquanto você está tomando uma “breja” no bar da esquina etc.
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É isso!
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