A palavra astrologia é formada por astro,
latim astrum (corpo celeste) e o
radical grego logia (discurso, tratado, ciência). Astrologia é, portanto, o a ciência ou
o estudo dos astros. Julga-se que nasceu na Caldéia; outros, porém, afirmam que
sua origem vem do antigo Egito, de onde se espalhou para outras partes do
mundo. O astro de referência para os
antigos astrólogos nas suas previsões eram as estrelas. Eles ocupavam postos
elevados e exerciam muita influencia, por exemplo, entre os caldeus, egípcios,
fenícios, árabes e especialmente entre os babilônios. Na Bíblia há muitas
referências aos astrólogos, como esta: “Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se
pois agora e te salvem os astrólogos, que contemplam os astros, e os que nas
luas novas prognosticam o que há de vir sobre ti (Is. 47:13). Em seus “Inéditos e
esparsos”, Júlio Diniz discorre sobre o encontro de um frade com um astrólogo
judeu, num diálogo “astrológico” bem interessante. Vejamos: “Frei Domingos, deixando os nobres em casa de Justa Rodrigues, foi
procurar o astrólogo judeu. A habitação deste não desdizia nada da pragmática
astrológica. O frade entra como para consultar o astrólogo ; mas, sentando-se,
principiou a blasonar de céptico e a ridicularizar a ciência do sábio. Este
irrita-se. O frade mostra-se conhecedor de alquimia e de astrologia judiciária
e revela-se ao astrólogo como um competidor respeitável. Este pergunta-lhe o
que o levou a procurá-lo. Frei Domingos responde-lhe que a vontade de lhe
prestar um serviço. Pergunta-lhe o astrólogo qual. Frei Domingos diz-lhe que
lhe vem ler o horóscopo. O astrólogo dispensa-o. O frade insiste e diz-lhe que
ele também possui a ciência judiciária e que esta prevê que o astrólogo está
sob uma fatal influência e que ao longe avista o clarão da fogueira com que se
castigam os heréticos. O astrólogo, judeu refugiado de Castela, perturba-se e
olha com suspeita para o frade. Este tranquiliza-o assegurando que está para
com ele nas melhores intenções e que a prova é vir ensinar-lhe novos e mais
seguros processos astrológicos do que os da antiga ciência. O astrólogo desconfia
que alguma tenção oculta trouxe o frade ali e prepara-se para escutá-lo. Este
aconselha-o a que não fite tantas vezes os astros, mas que procure achar a
previsão dos acontecimentos humanos nos sinais terrenos. Que escute mais os
homens como melhores guias e conselheiros para formular os seus vaticínios.
Que, por exemplo, não despreze os avisos, ainda dos mais humildes. Que se ele
um dia viesse dizer-lhe que três nobres, disfarçados, tencionavam procurá-lo
numa certa noite, todos ambiciosos mas prudentes e dissimulados e que a dois
podia, sem receio de desagrado, predizer honras, grandezas e favor real, sendo
provável que o futuro não deixasse muito mentiroso o vaticínio, mas que a um,
ao que trouxesse por exemplo um anel de esmeralda, o futuro devia ser mais
prometedor, elevá-lo, elevá-lo ao mais alto, não duvidando para isso derrubar
alguns obstáculos que lhe tolhiam o passo, aos últimos degraus—sem dizer a
maneira como — deixando apenas entrever que um pouco de boa vontade da parte do
consultante, alguma condescendência para com os amigos, facilitaria o acesso.
Que procedendo assim se faria uma astrologia menos visionária. O astrólogo
compreendeu o frade e prometeu aproveitar a lição. Frei Domingos retira-se. O
astrólogo, como para se vingar da superioridade que o frade assumia sobre ele,
disse-lhe à saída, que, enquanto ele falara lhe estivera lendo o horóscopo.
Frei Domingos pergunta-lhe com desprezo o que tinha descoberto. — Que a vossa
cabeça anda arriscada, reverendo nono—foi a resposta do astrólogo, dita com uma
simplicidade velhaca. O frade encolheu os ombros coro desdém e prometeu voltar.”
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É isso!
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