Elegia, do latim elegia
(elegiacum carmen, poema moestum, carmen lúgubre), é um certo gênero de poesia em que se narra coisas
tristes e lamentosas, composto de versos hexâmetros e pentâmetros alternados. Ou, na
definição do Michaelis: poema pequeno,
consagrado ao luto ou à tristeza. Abaixo
segue um exemplo de Bocage, que versa sobre a trágica morte de Maria Antonieta,
que foi guilhotinada aos 16 de Outubro de 1793.
À TRÁGICA MORTE DA RAINHA DE FRANÇA, MARIA ANTONIETA
Século horrendo aos séculos vindouros,
Que ias inútilmente acumulando
Das artes, das ciências dos tesouros:
Século enorme, século nefando,
Em que das fauces do espantoso Averno
Dragões sobre dragões vêm rebentando:
Marcado foste pela mão do Eterno
Para estragar nos corações corruptos
O dom da humanidade, amável, terno.
Que fatais produções, que azedos frutos
Dás aos campos da Gália abominados,
Nunca de sangue, ou lágrimas enxutos!
Que horrores, pelas Fúrias propagados,
Mais e mais esses ares enevoam
Da glória longo tempo iluminados!
Crimes soltos do Inferno a Terra atroam,
E em torno aos cadafalsos lutuosos
Da sedenta vingança os gritos soam.
Turba feroz de monstros pavorosos
O ferro de ímpias leis, bramindo, encrava
Em mil, que a seu sabor faz criminosos.
A brilhante nação, que blasonava
D'exemplo das nações, o trono abate,
E de um senado atroz se torna escrava.
Por mais que o sangue em ondas se desate
Nada, nada lhe acorda o sentimento,
Que as insanas paixões prende, ou rebate;
Vai grassando o furor sanguinolento,
Lavra de peito em peito, e de alma em alma,
Qual rubra labareda exposta ao vento:
Não cede, não repousa, não se acalma,
E a funesta, insolente liberdade
Ergue no punho audaz sanguínea palma.
Bárbaro tempo! Abominosa idade,
Às outras eras pelos Fados presa
Para labéu, e horror da humanidade!
Flagelos da virtude, e da grandeza,
Réus do infame e sacrílego atentado
De que treme a Razão, e a Natureza!
Não bastava esse crime?... Inda o danado
Espírito, que em vós está fervendo,
A novos parricídios corre, ousado?...
---
É isso!
À TRÁGICA MORTE DA RAINHA DE FRANÇA, MARIA ANTONIETA
Século horrendo aos séculos vindouros,
Que ias inútilmente acumulando
Das artes, das ciências dos tesouros:
Século enorme, século nefando,
Em que das fauces do espantoso Averno
Dragões sobre dragões vêm rebentando:
Marcado foste pela mão do Eterno
Para estragar nos corações corruptos
O dom da humanidade, amável, terno.
Que fatais produções, que azedos frutos
Dás aos campos da Gália abominados,
Nunca de sangue, ou lágrimas enxutos!
Que horrores, pelas Fúrias propagados,
Mais e mais esses ares enevoam
Da glória longo tempo iluminados!
Crimes soltos do Inferno a Terra atroam,
E em torno aos cadafalsos lutuosos
Da sedenta vingança os gritos soam.
Turba feroz de monstros pavorosos
O ferro de ímpias leis, bramindo, encrava
Em mil, que a seu sabor faz criminosos.
A brilhante nação, que blasonava
D'exemplo das nações, o trono abate,
E de um senado atroz se torna escrava.
Por mais que o sangue em ondas se desate
Nada, nada lhe acorda o sentimento,
Que as insanas paixões prende, ou rebate;
Vai grassando o furor sanguinolento,
Lavra de peito em peito, e de alma em alma,
Qual rubra labareda exposta ao vento:
Não cede, não repousa, não se acalma,
E a funesta, insolente liberdade
Ergue no punho audaz sanguínea palma.
Bárbaro tempo! Abominosa idade,
Às outras eras pelos Fados presa
Para labéu, e horror da humanidade!
Flagelos da virtude, e da grandeza,
Réus do infame e sacrílego atentado
De que treme a Razão, e a Natureza!
Não bastava esse crime?... Inda o danado
Espírito, que em vós está fervendo,
A novos parricídios corre, ousado?...
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É isso!
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