O sortilégio é o malefício de feiticeiro, ou como define o
Michaelis: "sedução exercida por dotes naturais ou por artifícios diabólicos". O
termo vem do latim sortilegium: adivinhação. Em seu
“Diccionario das Linguas Portugueza e Franceza”, de 1748, o padre Joseph Marque
define o termo com as seguintes palavras: “É um secreto recurso ao demônio,
para por a sorte a seu favor”. Durante a Idade Média era comum acusarem-se
pessoas de práticas de sortilégios. Gilies de Rais, no século XV, foi um dos
que foram acusados de ser herege, relapso, dado a sortilégios, sodomita,
invocador de espíritos malvado, adivinhador, assassino de inocentes, apóstata
da fé, idólatra e desviado da fé, sendo condenado após ser obrigado a confessar
seus “crimes”. Outro que foi sentenciado por supostas práticas de sortilégios,
sendo levado à morte pelo cadafalso, foi Enguerrand de Harigny, em abril de 1315. A palavra sortilégio tem ainda o sentido
de sedução,
encanto, maquinação, combinação
etc. Exemplos: de Domingos Olimpio, em “Luiza Homem”: “Procurara,
conto dissera, Rosa Veado para rezar o respônsio; esta, porém, exigira dinheiro
para comprar duas velas para o santo, luz sagrada, indispensável para o êxito
do sortilégio, circunstância que ela
não revelou a Luzia, por querer que o descobrimento do criminoso fosse devido,
exclusivamente, à sua iniciativa!”; de João do Rio, em “A Alma encantadora das ruas”: “Elas
olham sérias, o peito a arfar. Olham muito tempo e, ali, naquele trecho de rua civilizada,
as pedras preciosas operam, nas sedas dos escrínios, os sortilégios cruéis dos antigos ocultistas”; de Júlio Ribeiro, em “A Carne”: “Para
provar com fatos o seu poder, para demonstrar a eficácia dos seus sortilégios, chamou a preta magra, a
primeira que viera. Acudiu ela, aproximando-se ligeira, muito contente”; de Manuel Antônio de Almeida, em “Memórias de um
Sargento de Milícias”: “Entregou-se
portanto em corpo e alma ao caboclo da casa do mangue, o mais afamado de todos
os do ofício. Tinha-se já sujeitado a uma infinidade de provas, que começavam
sempre por uma contribuição pecuniária, e ainda nada havia conseguido; tinha
sofrido fumigações de ervas sufocantes, tragado beberagens de mui enjoativo
sabor; sabia de cor milhares de orações misteriosas, que era obrigado a repetir
muitas vezes por dia; ia depositar quase todas as noites em lugares determinados
quantias e objetos com o fim de chamar em auxílio, dizia o caboclo, as suas
divindades; e apesar de tudo a cigana resistia ao sortilégio.”
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É isso!
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