19 de nov. de 2012

O que quer dizer “Manes”?



Manes, do latim  manes, ium: deuses, eram, para os antigos romanos, as almas deificadas de ancestrais já falecidos. Segundo Severo, os manes são as almas separadas dos corpos humanos que ainda não tem entrado nos outros corpos, e que se contentaram em fazer mal aos homens. Alguns acreditam que tal palavra vem de manare: correr ou sair, porque eles ocupam a atmosfera que está entre a terra e a lua, de onde descem para vir atormentar os homens. Em Atenas e Roma havia meses especiais em honra e memórias deles. Por receio de que os casamentos fracassassem sob maus auspícios, proibiam-se tais cerimônias no segundo mês do ano, por lhes ser consagrado. Exemplos: de Machado de Assis, em uma de suas crônicas: “De mim peço ao cocheiro que me levar, que já na ida para o cemitério vá francamente satisfeito, com uma pontinha de riso e outra de cigarro ao canto da boca. Pisque o olho às amas secas e frescas, e criaturas análogas que for encontrando na rua; creia que os meus manes não sofrerão no outro mundo; ao contrário, alegrar-se-ão de saber a cara ajustada ao coração, e a indiferença interior não desmentida pelo gesto. Imite as suas mulas, que levam com igual passo César e João Fernandes”; de Alexandre Herculano, em “Viagens na minha terra”: “Togados manes dos antigos desembargadores, venerandas cabeleiras de anéis e castanhola, que direis, ó respeitadas sombras, se desse limbo onde estais esperando pela ressurreição do Pegas...”; de Eça de Queiroz, em “A Cidade e as Serras”: “E eu, na alegria de avistar enfim meu Príncipe trotando para a minha casa de aldeia, no dia dos meus trinta e seis anos, pensava noutro natalício, no dele, em Paris, no 202, quando, entre todos os esplendores da Civilização, nós bebemos tristemente ad manes, aos nossos mortos!”; de Coelho Neto, em “A Conquista”: “Mas no dia em que nela pudermos entrar vitoriosos, pisando a verde, macia e cheirosa folhagem, indo repousar à sombra das árvores, perto da frescura e do murmúrio da água, nesse dia, reunidos pela saudade, sacrificaremos, com religioso sentimento, aos manes dos que ficaram adormecidos à sombra dos ciprestes”; de Adolfo Caminha, em “O Normalista”: “Que não tínhamos poeta, disse: o que havia era uma troça de malandros e de pedantes muito bestas, que escrevinhavam para a Província coisas tão ruins que até faziam vergonha aos manes do glorioso José de Alencar”; de Lima Barreto, em “Marginalia”: “Não há nisto e, também, com o mútuo tratamento de tu e você entre pais e filhos, um afrouxamento do uso da nacionalidade, uma injúria irrogada aos manes dos nossos avós?”

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É isso!

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