Este nome foi criado por Milton, de duas palavras gregas que significam domínio e tudo, do latim pandemonium,
para designar o palácio de Satanás. É no primeiro canto de seu “Paraíso
Perdido” que o poeta descreve este edifício fantástico, cujo nome veio a ter uma
significação mais ampla, denotando o conluio de indivíduos para fazer mal ou
armar desordens, sendo sinônimo de balbúrdia,
tumulto e confusão. Exemplos: de José do Patrocínio, em “Os Retirantes”: “As crianças, esfaimadas e nuas, tentando romper
a aglomeração compacta, eram maltratadas e atropeladas; as mulheres, não
podendo caminhar, choravam e maldiziam. Do meio desse pandemônio de lágrimas, de maldições, de ais doridos, sobressaíam
de quando em quando gargalhadas estentoreas, assovios e gritos perseguindo
ladrões”; de Júlio Diniz, em “Os Serões da Província”: “Era um oceano de cabeças, ruidoso, agitado, ameaçador! De onde como de
um pandemônio, partia a gargalhada,
o grito, a aclamação, o insulto, o apupo, a ameaça, os vivas e os morras que a
curiosidade revolvia, e fazia ondular em grandes e imponentes marés”; Bernardo Guimarães, em “A
Escrava Isaura”: “Instalado
naquele vasto pandemônio do luxo e
dos prazeres, Leôncio raras vezes, e só por desfastio, ia ouvir as eloqüentes
preleções dos exímios professores da época, e nem tampouco era visto nos
museus, institutos e bibliotecas”; de José de Alencar, em “O
Guarani”: “Um coro de gritos,
imprecações e gemidos roucos e abafados, confundindo-se com o choque das armas,
se elevava desse pandemônio, e ia
perder-se ao longe nos rumores da cascata”; de Alexandre
Herculano, em “O Pároco da aldeia”: “Era,
como no lugar competente deixei especificado, grande o tráfego no moinho á
chegada do prior: duas récuas de machos a enquerir à porta; moços para dentro e
moços para fora; sacos de farinha a rolarem e a empoeirarem a atmosfera; bulha,
encontrões, sapateada, arres, xós, pragas, diabos; um pandemônio, enfim, em miniatura”; de Coelho
Neto, em “A Conquista”: “Como
que vinha na brisa o grande rumor da vida agitadíssima daquele pandemônio, misterioso para os
sertanejos que chegavam dos campos e das serras, tendo deixado a grande e rude
natureza agreste”; de Aluísio de Azevedo, em “Girândola de amor”:
“Olímpia sentiu-se aturdida no
meio daquele pandemônio. De repente,
um grito uníssono partiu da multidão; estalaram de novo as palmas, choveram os
chapéus, agitaram-se os lenços, arremessaram-se os leques, os ramalhetes e as
bengalas.”
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É isso!
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