O termo elísio
vem do grego elusios, pelo latim elysium,
que, para os antigos gregos e romanos, era a morada dos heróis e das pessoas
virtuosas após a morte. Na linguagem cristã seria “o céu dos pagãos”. Dizia-se
que os deuses habitavam o Olimpo, e as almas boas iam para os Campos Elíseos, local
onde, segundo crença antiga, reinava uma primavera eterna, e o qual tinha seu
muro de alabastro com rubis, as portas de marfim e de ouro, sendo vigiado à
entrada pela Virtude, a Inocência e a Felicidade, virgens formosas, em cujos
rostos brilhavam a bondade, a candura e a alegria, que seria o oposto do
temível Hades, morada
das sombras, das trevas e da tristeza. Platão faz menção desse aprazível lugar
em “A República”: “Museu
e seu filho, da parte dos deuses, concedem aos justos recompensas ainda maiores.
Conduzindo-os aos Campos Elísios, introduzem-nos no banquete dos virtuosos,
onde, coroados de flores, os fazem passar o tempo a embriagar-se, como se a
mais bela recompensa da virtude fosse uma embriaguez eterna.”
Com o tempo os Campos Elísios passaram a
designar o cemitério: a morada eterna dos mortos. Seu uso foi muito comum no
Brasil e outras partes do mundo, mais intensamente até o século XIX, como se
pode observar nesses exemplos: de Erasmo de Rotterdam, em “Elogio da
Loucura”: “Voltando,
pois, à felicidade dos loucos, devo dizer que eles levam uma vida muito
divertida e depois, sem temer nem sentir a morte, voam direitinho para os Campos Elísios, onde as suas piedosas e
fadigadas almazinhas continuam a divertir-se ainda melhor do que antes”; de
Almeida Garret, em “Viagens na Minha Terra”: “Não lhe vejo remédio senão recorrer ao bem parado dos Elísios, da Estige, do Cocito e seu
termo: são terrenos neutros em que se pode parlamentar com os mortos sem
comprometimento sério e...”; de Eça de Queiroz, em “Prosas Bárbaras”:
“A noite descia: caía de cima
uma claridade láctea: pesava um austero e lento silêncio: a larga brancura
celeste era gloriosa; os pastores desciam com os rebanhos lentos, balando;
havia pelo ar uma bondade indefinida, uma virtude fluida: eu lembrava-me dos Elísios olímpicos e mitológicos onde,
na claridade, passam as sombras heróicas, serenas, brancas, leves, levadas por
um vento divino. Claridades sem sol!”
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É isso!
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