A palavra quaresma
vem do latim quadragesima: Quadraginta dierum jejunium, referente
às seis semanas que precedem à festa da Páscoa, quando a igreja ordena aos
fiéis a prática do jejum e a abstinência à refeição com carne. Dizia que a
Quaresma era baixa quando começava em fevereiro, e alta quando iniciada em março. Exemplo : do
Antônio Vieira, no “Sermão do Dia de Ramos”: “Na entrada da
Septuagésima se começaram a enlutar os altares, e cessaram no canto
eclesiástico as aleluias, sendo esta cerimônia exterior o primeiro prelúdio ou
reclamo da penitência, para que não dissolutos, mas compungidos, entrássemos no
tempo santo da Quaresma. Começou a Quaresma com a memória da cinza e do pó
que somos, e com o jejum universal”; de Joaquim de Macedo, em “As Mulheres de Mantilha”:
“O vigésimo dia da quaresma é
em todo o mundo católico de suspensão de penitência, e como de férias dadas
pela Igreja aos jejuns e aos austeros preceitos de religião santa e única
verdadeira, impostos aos fiéis nesse período anual que recorda os quarenta dias
de jejum e da suprema meditação de Jesus Cristo antes da sua sagrada paixão e
morte, que deixou no sangue do Deus mártir o Jordão que lava todas as culpas, e
na cruz santíssima a árvore da liberdade que regenerou e nobilitou, que
regenera e nobilita, que há de regenerar e nobilitar para todo sempre a
humanidade”; de
Bernardo Guimarães, em “O Garimpeiro”: “Corria
então a quaresma, e como nesse tempo
são proibidas as bênçãos matrimoniais, forçoso foi adiar para mais tarde o
casamento, que pelo voto de Leonel e do Major teria tido lugar imediatamente”; José de Alencar, em “Ao
Correr da Pena”: “Além de ser tempo de quaresma, tempo de provações, de jejum, de expiação de pecados,
ainda em cima aí vêm todos os dias uma chuvinha miúda, umas nuvens cinzentas e carregadas
tirar-nos o belo azul do céu, os raios do sol, e as lindas noites de luar que a
folhinha nos tinha prometido”; de Raul Pompéia, em “O Ateneu”: “E quando ele se punha a
contar histórias de castidade, sem atenção à parvidade da matéria do preceito teológico,
mulher do próximo, Conceição da Virgem, terceiro-luxúria, brados ao céu pela sensualidade
contra a natureza, vantagens morais do matrimônio, e porque a carne, a inocente
carne, que eu só conhecia condenada pela quaresma
e pelos monopolistas do bacalhau, a pobre carne do beef, era inimiga da alma.”
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É isso!
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