TEOCRACIA – do
grego theokratía, formado do
elemento teo: deus, e cracia: poder, domínio, supremacia. É o governo caracterizado pela atuação dos “representantes”
de Deus (ou deuses) na Terra. Ou seja, é a idéia de que o governo deve refletir
a vontade de alguma divindade, devendo ser
por ela guiado. Um exemplo emblemático na atualidade diz respeito ao
Irã, um país essencialmente teocrático, liderado pelo aiatolá, líder religioso com enorme poder e influência nas decisões
do país. Exemplo da Literatura: Eça de Queiroz, em “Prosas Bárbaras”: “Viu-se depois que era a voz imensa da alma
do Norte, toda uma humanidade austera e vital, que se movia, que vinha falar,
pensar, examinar, revelar, sob o peso das teocracias
romanas, dos papados, dos imperadores, das tiranias, dos sacerdócios.”
DEMOCRACIA – do
grego demokratía, formado de demo: povo, e cracia: poder. Diz-se do sistema político
caracterizado pela soberania popular; é o governo em que, conforme propôs Jean-Jacques Rousseau, em seu “O
Contrato Social”, de 1760, “a lei deve
ser a expressão da vontade do povo”. Exemplo da Literatura: Machado de Assis, em “Bons Dias!”: “Às vezes o defunto não prestou ao Estado o
menor serviço; não importa, essa é justamente a beleza do sistema democrático e de igualdade que deve
reger, mais que todos os corpos legislativos. Para o Parlamento, como para a
morte, como para a Constituição, todos são legisladores, todos merecem igual
cortesia e piedade.”
OLIGARQUIA – do grego oligarchía, denota o sistema de governo
representado por poucas pessoas, que estão ligadas ao mesmo partido, classe ou
família. Em “Convite à Filosofia”, Marilena Chauí cita um exemplo inserido na história: “ Em Roma,
os não proprietários ou os pobres formavam a plebe, que tinha o direito de eleger um representante – o tribuno
da plebe – para defender e garantir os interesses plebeus junto aos interesses
e privilégios dos que participavam diretamente do poder, os patrícios, que
constituíam o populus romanus. O
regime político romano era, assim, uma oligarquia.”
Exemplo da Literatura: Machado de Assis,
em “O Velho Senado”: “Trazia comigo a oligarquia,
o golpe de Estado de 1848, e
outras notas da política em oposição ao domínio conservador, e ao ver os cabos
deste partido, risonhos, familiares, gracejando entre si e com os outros,
tomando juntos café e rapé, perguntava a mim mesmo se eram eles que podiam
fazer, desfazer e refazer os elementos e governar com mão de ferro este país.”
ANARQUIA – do grego anarchía,
e designa a ausência de governo ou de outra autoridade que possam exercer
controle sobre a sociedade. Tomas Hobbes comenta a Anarquia, em “Do Cidadão”,
citando uma passagem das Escrituras: “O que é afirmado (Jz 17, 6): Naqueles
dias não havia em Israel rei: cada qual fazia aquilo que a seus olhos parecia
direito — o que significa não existia naqueles dias monarquia, e sim uma
anarquia, ou uma confusão sobre todas as coisas — o que pode ser lembrado como
mais um depoimento em favor da excelência da monarquia sobre as demais formas
de governo.” Exemplo da Literatura: Eça de Queiroz, em “O Conde d’Abranhos”: “O sentimento excessivo da dignidade pessoal
leva ao amor exagerado da independência civil. Cada um se torna por este modo o
seu próprio dono, o seu chefe, o seu Rei, o seu Deus. E a anarquia!”
MONARQUIA – do grego monarchía, diz respeito à forma de
governo em que o monarca ou soberano tem poder absoluto sobre o Estado. O
Brasil foi durante muito anos uma monarquia, sendo o poder emanado do imperador
Dom Pedro I e, posteriormente, do seu filho Dom Pedro II. Exemplo da
Literatura: Machado Assis, em “A
Semana”: “O Congresso Federal deliberará
se deve reduzi-lo pelas armas ou reconhecê-lo, e adotará o segundo alvitre, por
proposta do Sr. Nilo Peçanha, considerando que não se trata positivamente de
uma monarquia, porque não há
monarquia sem rei ou rainha no trono, e o gênio não tem sexo.”
ARISTOCRACIA – vem do grego aristokratía, formado a partir do
elemento de composição aristo-: o melhor, ótimo. Diz-se do tipo de organização social e política m que o
governo é controlado por uma camada
social privilegiada, ou seja: a classe nobre, os fidalgos. Discorrendo sobre as
distintas forma de governo, escreveu Tomas Hobbes, em “Do Cidadão”: “Outro,
quando o poder é atribuído a um conselho, onde nem todos, mas somente uma parte
tem direito ao voto, chamamos de aristocracia.”
Exemplo da Literatura: Lima Barreto, em “Triste Fim de Policarpo Quaresma”: “Porque o orgulho da aristocracia suburbana está em ter todo o dia jantar e almoço,
muito feijão, muita carne-seca, muito ensopado - aí, julga ela, é que está a
pedra de toque da nobreza, da alta linha, da distinção.”
TIRANIA – do
grego tyrannía, oriundo do tirano, que, na antiga Grécia, dizia
respeito ao indivíduo que tomava o poder à base da força bruta. O caso exemplar
refere-se ao grego Pisístrato, que em 560 a .C., conseguiu tomar o poder, dando início
ao sistema do governo denominado Tirania, assim chamado porque não tinha origem legal. Exemplo da
Literatura: Almeida Garret, em “Arco de
Sant’Ana”: “Não
sabes que desde o interdito grande e das excomunhões que houve nesta terra por
causa do alvoroto do povo contra a tirania
do bispo D. Pedro, e que depois se acordou tudo com el-rei e o papa, nunca mais
as justiças Del-rei se quiseram meter com a nossa terra, nem catar-nos foros,
nem ser por nós, e nos deixaram à mercê do bispo e da sua gente?”
É isso!
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