Em nosso tempo, ao principiar-se um ano diz-se
“feliz ano novo”, porque, em contraposição ao ano que findou, começa geralmente
cheio de esperanças e de bons anseios. É
por isso que no dia primeiro do ano novo se fazem os cumprimentos de boas
entradas e se apresentamos votos de felicidade no ano que se inicia,
reunindo-se geralmente os membros de uma mesma família em um banquete ou outra
qualquer festa para solenizar essa data. Desde os tempos mais remotos, o dia
primeiro do ano sempre foi considerado um dia de festa, principalmente para a
família. Em todos os calendários esse dia é assinalado como festivo e merecedor
de especial solenidade. O uso dos presentes no dia de ano novo (antigamente se
falava “ano bom”), segundo uns vem dos romanos, segundo outros vem dos
gauleses. Quanto aos primeiros por causa dos strence, isto é, ramos
escolhidos de um bosque consagrado à deusa da força, que eram dados pelos
inferiores aos superiores no primeiro dia do ano. Os particulares entre si
presenteavam-se mutuamente com pequenas moedas de cobre ou stips. No tempo dos imperadores os seus súditos ofereciam uma
tâmara com uma película de ouro e às vezes também um figo, mel ou um stips. No tempo de Augusto esses
presentes, que às vezes consistiam em uma soma em dinheiro, eram pelo imperador
correspondidos por outro de igual ou de maior valor. Na ausência de Augusto,
eram os presentes levados ao Capitólio e colocados diante de sua curul
(cadeira). Tibério acabou com o uso dos presentes, que foi restabelecido por
Calígula e suprimido por Cláudio, que se viu forçado a restabelecê-lo. Quanto
aos gauleses a origem do uso dos presentes é atribuída ao costume que tinham de
distribuir fragmentos de agárico ou visgo no dia primeiro do ano, quando
findava a festa da colheita da planta sagrada. A igreja pretendeu abolir essa
festa eivada de paganismo, mas não conseguiu, sendo forçada a transigir com
esse uso, modificando porém o seu caráter e dando por findas as mascaradas
grotescas dos tempos antigos. No Brasil desde os tempos coloniais o dia de “Ano
Bom” ou “Ano Novo” foi considerado feriado e a República o conservou com o nome
de “Comemoração da fraternidade universal”.
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É isso!
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Referência bibliográfica:
Almanach illustrado do Brasil-Portugal para o anno de 1901: Brasiliana - USP
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