A palavra eufemismo tem origem no grego euphemismós,
formada dos elementos eu, ev (bem,
bom) e phemi (falar). Trata-se de uma figura de
linguagem, que consiste no uso de palavras ou expressões agradáveis, em
substituição àquelas de sentido grosseiro ou desagradável. Por exemplo: faltar à verdade (em vez de mentir), traseiro (no lugar de bunda),
toalete (por mictório), bater as botas
(em substituição a morrer), tumor maligno (em vez de câncer). Exemplos da Literatura: de
Machado de Assis, em “A Mão e a Luva”: “Guiomar
chegou daí a pouco e achou-os na “saleta
de trabalho”, eufemismo elegante, que queria dizer literalmente — saleta de conversação entremeada de
crochet”; em
“A Semana”: “O que não podemos tolerar é
a obrigação. Obrigação é eufemismo de cativeiro: tanto que os antigos
escravos diziam sempre que iam à sua
obrigação, para significar que iam à casa dos senhores”; em “Balas
de Estalo”: “Nenhum particular diria tal
coisa. Querendo vender a vaca, o particular poria no anúncio qualquer eufemismo
delicado; diria que era uma vaca menos
que regular, uma vaca com defeito, uma vaca para serviços leves. Jamais
confessaria que a vaca era muito ruim”; de Euclides da Cunha, em “Os
Sertões”: “Está nele a sua
feição verdadeiramente nacional. Fora disto mal a vislumbramos nas cortes
espetaculosas dos governadores, na Bahia, onde imperava a Companhia de Jesus
com o privilégio da conquista das almas,
eufemismo casuístico disfarçando o monopólio do braço indígena”;
de Lima Barreto, em “Marginalia”: “Quiseram ver nela o símbolo do
nosso roceiro, do nosso sertanejo - "o
caboclo" - como se diz por eufemismo,
porquanto nele há, de fato, muito de índio, mas há, em compensação, alguma
coisa mais”; de
Joaquim Nabuco, em “O Abolicionismo”: “Esse oráculo sibilino em que o engenhoso eufemismo elemento servil
amortecia o efeito da
referência do chefe de Estado à escravidão e aos escravos – a instituição podia
existir no país, mas o nome não devia ser pronunciado do alto do trono em pleno Parlamento
- foi como a explosão de uma cratera”; de Júlio Ribeiro, em
“A Carne”: “O amor
é filho da necessidade tirânica, fatal, que tem todo o organismo de se reproduzir,
de pagar a dívida do antepassado segundo a fórmula bramática. A palavra amor é um eufemismo para abrandar um
pouco a verdade ferina da palavra cio”; de José Saramago, em “Ensaio
sobre a Lucidez”: “Há quem diga que os
quinhentos reclusos continuam, de acordo com o conhecido eufemismo policial, a colaborar com as autoridades com vista
ao esclarecimento dos fatos.”
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É isso!
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