A
palavra chacota, segundo Francisco de Saraiva Luiz, vem do hebraico shihot: dictérios, palavras mentirosas,
vãs, ineptas. Fazer chacota a alguém, é escarnecer ou zombar desta pessoa. No
século XIX havia a expressão “cantar chacota”, que eram as cantigas de
escárnios e zombarias; e bem mais antigamente, dizia-se de uma dança de provável origem trovadoresca e com
características chistosas, muito popular no século XVI, e que era acompanhada
por música de guitarras. Aulete atribui sua etimologia ao castelhano chacota; e
Houaiss menciona a explicação de Corominas,
que vê no termo uma imitação do ruído de
castanholas, de outros instrumentos ou de quem ri convulsivamente: “A
festa durou todo o dia e toda a noite, com muitas iluminações, muitas danças e
representações, barcas, loas e chacotas
que enchiam toda a rua” (Almeida Garret, em “O Arco de Sant’ana”). Exemplos da Literatura: de Eça de Queiroz, em “As Cidades e as Serras”:
“À noite, nos teatros,
encontrava a Cama, a costumada cama, como centro e único fim da vida, atraindo,
mais fortemente que o monturo atrai os moscardos, todo um enxame de gentes
estonteadas, frementes de erotismo, zumbindo chacotas senis”; de José de Alencar, em “O Guarani”: “Felizmente descobriram no quarto do italiano algumas garrafas de vinho,
que beberam no meio de risadas e chacotas,
fazendo brindes ao frade que iam dentro em pouco condenar à pena de morte”; de Aluísio de Azevedo, em “A Condessa
Vésper”: “Ninguém sabia explicar aquilo, mas afinal já
liam todos as chacotas do
comendador, e muitos parvos já gostavam delas e já as esperavam com a risadinha
pronta”; de
camilo Castelo Branco, em “Amor de Salvação”: “Além disto, depois da expulsão da transmontana, a
morgadinha, em vez de quebrar do orgulho e reportar-se, enfuriou-se mais, e
saia com invectivas e chacotas às
freiras velhas, clamando a vozes descompostas que a mandassem embora, se lhes
não servia assim”; de Domingos Olimpio, em “Luíza Homem”: “Desgraça que lhe
acontecesse não seria lamentada; ninguém se apiedaria dela, que mais se diria
um réprobo, abandonado, separado pela cerca de espinhos da ironia malquerente,
em redor da qual girava o poviléu feroz a lapidá-la com chacotas, dictéríos e remoques.”
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É isso!
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