Atar
significa ligar, prender; ajuntar alguma coisa,
cingindo-a com fita, corda, atadura etc. Os dicionários, em geral, fazem
derivar o termo do latim aptare, de ato: acomodar, unir, juntar. Francisco de Saraiva Luiz o faz vir do hebraico atar: fechar, tapar, obstruir, o mesmo que no latim obstringere, continere, claudere, praecludere, ligare. Malvenda, referindo-se ao livro bíblico de Juízes, via
semelhança entre o termo semítico e o português. Antônio Vieira, por
sua vez, o deriva do árabe hata
(latim: cingere, circumdare). A padre Vieira, num belo jogo com as palavras atar e desatar, ilustra um pouco os sentidos do termo: “Eu bem sei que as chaves de Pedro também são cadeias,
mas cadeias para atar e desatar, e não para ser atado. Notai o texto: Tibi dabo claves
regni caelorum. Et quodcumque ligaveris, erit ligatum, quodcumque solveris,
erit solutum (Mt. 16, 19): Eu te darei — diz Cristo — as chaves do meu reino, e
o que tu atares, será atado, e o que desatares, desatado. —
Tal quis o supremo legislador que fosse o governo do seu reino: governo que atasse e desatasse, e não governos que nem atam nem desatam. Mas se
os poderes de Pedro eram chaves: Tibi dabo claves, parece que havia de dizer o
Senhor: Tudo o que abrires será aberto, e tudo o que fechares será fechado. Por
que não diz logo: o que fechares ou abrires, senão o que atares ou desatares?
Para mostrar que as chaves que dava a Pedro também eram cadeias, mas cadeias
para atar ou desatar a outros, quando quisesse, e não cadeias para estar ele
atado, como hoje o vemos: Vinctus catenis duabus” (do “Sermão das Cadeias de S. Pedro em Roma pregado na Igreja de S. Pedro”)
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É isso!
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