Segundo
o Dicionário Aulete, a palavra bandeira tem -
possivelmente - origem no castelhano bandera, derivado do gótico bandwo. Já para o Dicionário Houaiss, o
termo é o diminutivo irregular de bandeirola, que era – originalmente – uma "pequena bandeira das trombetas da cavalaria". Os dicionários atribuem uma
infinidade de significados a este vocábulo; as principais, porém, de acordo com
o Dicionário Michaelis, são: pedaço
de pano, em geral retangular, com figuras e inscrições em cores regulamentares,
e que é distintivo de uma nação, corporação ou partido, ou para fazer sinais;
facção, partido; idéia que serve de guia a uma cruzada, teoria, partido etc.; caixilho
envidraçado que encima portas ou janelas e serve para dar claridade aos
aposentos; inflorescência da cana-de-açúcar e do milho; em autos de praça,
parte móvel do taxímetro, onde ocorre a bandeirada etc. Um outro sentido
atribuído ao termo bandeira (do qual
se origina bandeirantes), vem da
nossa história, referindo-se às caravanas de aventureiros que se entranhavam
pelos sertões do Brasil, à busca de ouro, os brilhantes e esmeraldas, ou à descoberta
de rios e terras ainda desconhecidos sua expedição pelos terrenos auríferos,
evento este que se deu em fins do século
XVI aos começos do século XVIII, o que pode ser exemplificado nesses enxertos
extraídos da nossa Literatura: de Euclides da Cunha, em “Os Sertões”: “O paulista — e a significação histórica deste nome abrange os filhos do Rio de
Janeiro, Minas, S. Paulo e regiões do Sul — erigiu-se como um tipo autônomo,
aventuroso, rebelde, libérrimo, com a feição perfeita de um dominador da terra,
emancipando-se, insurrecto, da tutela longínqua, e afastando-se do mar e dos
galeões da metrópole, investindo com os sertões desconhecidos, delineando a
epopéia inédita das bandeiras...”; em “Um Paraíso Perdido”: “Deste
modo, o extremo norte, a região desconhecida para onde avançavam, promanando de
um divortium aquarum quase imperceptível todos os rios, permanecia
inacessível à marcha das bandeiras
do sul, embora estivessem naquele rumo o Eldorado deslumbrante criado pela fantasia de Raleigh e
as paragens lendárias perlustradas por Acuna e atravessadas pelos companheiros
de Orellana”;
de Paulo Setúbal, em “O Sonho das Esmeraldas”: “O portador partiu. E a bandeira, no mesmo dia, atufou-se de novo pelo sertão. Que bando
lúgubre aquele bando de Fernão Dias! Os homens eram verdadeiros espectros.
Todos escaveirados. Todos rotos. Todos cabeludos. Que montava lá isso? A bandeira, aquele mísero frangalho de bandeira, lá foi, chuçada, aos
arrancos, por aquelas terras bravias. Mesmo assim, chuçada e aos arrancos,
varou compridos matagais, chapadas longas, muita serrania dentada... E a prata?
E as esmeraldas? E os buracos que Azeredo abrira? Ninguém topava vestígio pelo
caminho...”; em “Os Irmãos Leme”: “Certa bandeira de paulistas
metera-se pelo sertão adentro à cata de índios. Pedro Leme ia entre eles. O
bando, após romper muito mato e vadear muito rio, arranchara-se nos campos de
Vacaria. Eis que surge, naqueles campos, inesperadamente, grossa companhia de
castelhanos. Eram trezentos homens. E trezentos homens bem armados.”
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É isso!
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