23 de dez. de 2012

Os vários significados de “Bandeira”


Segundo o Dicionário Aulete, a palavra bandeira tem -  possivelmente - origem no castelhano  bandera, derivado do gótico bandwo. Já para o Dicionário Houaiss, o termo é o diminutivo irregular de bandeirola, que era – originalmente – uma "pequena bandeira das trombetas da cavalaria". Os dicionários atribuem uma infinidade de significados a este vocábulo; as principais, porém, de acordo com o Dicionário Michaelis, são: pedaço de pano, em geral retangular, com figuras e inscrições em cores regulamentares, e que é distintivo de uma nação, corporação ou partido, ou para fazer sinais; facção, partido; idéia que serve de guia a uma cruzada, teoria, partido etc.; caixilho envidraçado que encima portas ou janelas e serve para dar claridade aos aposentos; inflorescência da cana-de-açúcar e do milho; em autos de praça, parte móvel do taxímetro, onde ocorre a bandeirada etc. Um outro sentido atribuído ao termo bandeira (do qual se origina bandeirantes), vem da nossa história, referindo-se às caravanas de aventureiros que se entranhavam pelos sertões do Brasil, à busca de ouro, os brilhantes e esmeraldas, ou à descoberta de rios e terras ainda desconhecidos sua expedição pelos terrenos auríferos, evento este que se deu em  fins do século XVI aos começos do século XVIII, o que pode ser exemplificado nesses enxertos extraídos da nossa Literatura: de Euclides da Cunha, em “Os Sertões”: “O paulista — e a significação histórica deste nome abrange os filhos do Rio de Janeiro, Minas, S. Paulo e regiões do Sul — erigiu-se como um tipo autônomo, aventuroso, rebelde, libérrimo, com a feição perfeita de um dominador da terra, emancipando-se, insurrecto, da tutela longínqua, e afastando-se do mar e dos galeões da metrópole, investindo com os sertões desconhecidos, delineando a epopéia inédita das bandeiras...”; em “Um Paraíso Perdido”: “Deste modo, o extremo norte, a região desconhecida para onde avançavam, promanando de um divortium aquarum quase imperceptível todos os rios, permanecia inacessível à marcha das bandeiras do sul, embora estivessem naquele rumo o Eldorado deslumbrante criado pela fantasia de Raleigh e as paragens lendárias perlustradas por Acuna e atravessadas pelos companheiros de Orellana”; de Paulo Setúbal, em “O Sonho das Esmeraldas”: “O portador partiu. E a bandeira, no mesmo dia, atufou-se de novo pelo sertão. Que bando lúgubre aquele bando de Fernão Dias! Os homens eram verdadeiros espectros. Todos escaveirados. Todos rotos. Todos cabeludos. Que montava lá isso? A bandeira, aquele mísero frangalho de bandeira, lá foi, chuçada, aos arrancos, por aquelas terras bravias. Mesmo assim, chuçada e aos arrancos, varou compridos matagais, chapadas longas, muita serrania dentada... E a prata? E as esmeraldas? E os buracos que Azeredo abrira? Ninguém topava vestígio pelo caminho...”; em “Os Irmãos Leme”: “Certa bandeira de paulistas metera-se pelo sertão adentro à cata de índios. Pedro Leme ia entre eles. O bando, após romper muito mato e vadear muito rio, arranchara-se nos campos de Vacaria. Eis que surge, naqueles campos, inesperadamente, grossa companhia de castelhanos. Eram trezentos homens. E trezentos homens bem armados.”


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É isso!

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