1 de dez. de 2012

“Quem tem boca vai a Roma”


A palavra boca vem do latim bucca, buccae. Na cultura popular, o termo tem servido para a formação de uma gama muito variada de palavras e expressões, as quais abrangem desde características pessoais, até  plantas e objetos. Por exemplo, quando se diz de um indivíduo que ele é boca-aberta, fala-se de alguém simplório, aparvalhado, lerdo etc.; a boca-de-lobo, além de ser o nome de uma espécie de planta, também é o nome do bueiro por onde se esvaem ás águas das ruas nas cidades; boca-de-sapo, boca-de-velha e boca-de-mula são nomes de árvores; boca-de-fumo é o local onde se trafica e se usa entorpecentes;  boca-porca é característica de quem é muito dado a palavrões; o cala-boca é o “ultimato” dos poderosos contra os fracos; o lugar onde se come e bebe de graça recebe o nome de boca-livre;  ao indivíduo abobalhado, tolo e palerma dá-se o nome de boca-mole; boca-negra era a forma como denominavam  os índios que habitavam o Sudeste do Amazonas e Nordeste de Rondônia, por fazerem uso de pintura negra ao redor da boca e em direção às orelhas; boca-rica, dentre outros sentidos, designa o casamento com uma pessoa abastada. A fofoca e mexericos sempre andam  de boca em boca. No que concerne aos provérbios ou ditos populares, a palavra boca é de vastíssima fecundidade, como se pode observar nos exemplos relacionados abaixo:

Quem tem boca vai a Roma;

De mão à boca se perde a sopa:
Quem tem boca não diga ao outro, assopra;
Não se pode assoprar o fogo com  a boca cheia de água;
A uma boca, uma sopa;
Abre a tua bolsa, e abrirei a minha boca;
Saúde tem quem não tem boca grande:
Na boca do discreto, o público é secreto;
Todos falam por uma boca;
O peixe morre pela boca;
Pela boca se aquece o forno;
Em boca fechada não entra mosca;
Boca que diz sim, também diz não;
C
ada um ri com a boca que tem.

Exemplos extraídos da Literatura: de Machado de Assis, em “Crônicas do Dr. Semana”:  “Não quero fazer aplicação do ditado, mas todo o mundo está vendo que no banquete político está sentada muita gente com a boca suja”; em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “Eu, em criança, montava-o, punha-lhe um freio na boca, e desancava-o sem compaixão; ele gemia e sofria”; em “Histórias sem Data”: “E com o seu largo carão holandês, e o riso derramado pela boca fora, como um vinho generoso de pipa que se rompeu, o grande médico veio em pessoa abrir-lhes a porta”; em “Helena”: “Não o ocultou a irmã do conselheiro; já não tinha acanhamento nem reserva, as palavras subiam do coração à boca sem atenuação nem cálculo; fez-se carinhosa e mãe.”

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É isso!

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