A palavra abstinência
tem origem no latim, abstinentia, que
significa: reserva, desinteresse, moderação,
continência, domínio dos apetites, referindo-se ao ato se abster ou de se privar do uso de alguma coisa. Ao longo
dos tempos, as religiões de um modo geral reservaram dias específicos para a
prática da abstinência ou do jejum, nos
quais sempre esteve proibido o consumo de determinados manjares. Os católicos, por exemplo, são desautorizados
a consumir carne na Sexta-Feira Santa, entre outros dias santos; os judeus
são aconselhados a não beberem ou consumirem nada no Yom Kippur, o Dia do
Perdão; os muçulmanos, por sua vez, ficam proibidos a não consumir coisa alguma, nem
mesmo água, durante todo o mês do Ramadã, o nono mês do calendário islâmico; hoje,
grupos evangélicos estimulam a prática do jejum, a fim de se consagrarem a Deus
e obter dele alguma bênção em especial. A prática da abstinência também tem sido observada entre os povos antigos. Por
exemplo, os fenícios, os assírios, assim como os egípcios, reservavam dias
específicos para sua prática.
Na antiga religião do Egito, todo aquele que desejava iniciar-se nos mistérios
de Ísis, deveria abster-se por seis dias inteiros de qualquer espécie de
alimento, e prometer abster-se, para sempre, de comer carnes de
determinados animais. Também se mantinham em silêncio durante nove dias, nos
quais não podiam sequer pronunciar uma só palavra. Na antiga China, os
mandarins ordenavam certas abstinências
ou jejuns públicos, a fim de se obter dos céus a chuva ou o tempo bom. Durantes
tais dias castigava-se rigorosamente todo aquele que ousasse vender carne ou
qualquer outro alimento proibido. Na antiga Bolonha a observância à prática da
abstinência do consumo de carne durante a quaresma era tão rigorosa que se
chegava a arrancar os dentes daquele se aventurava a comer tal alimento. Exemplos
da Literatura: de José de Alencar, em “O Guarani”: “Toda a continência de sua vida monástica, todos os desejos violentos
que o hábito tinha selado como uma crosta de gelo, todo esse sangue vigoroso e
forte da mocidade, passada em vigílias e abstinências,
refluíram ao coração e o sufocaram um momento”; de Antônio Vieira, do
“Sermão de Santo Antônio”: “Prezem-se as
aves e os animais terrestres de fazer esplêndidos e custosos os banquetes dos
ricos, e vós gloriai-vos de ser companheiros do jejum e da abstinência dos justos!”; de Alexandre Herculano, em “O Bobo”:
“Por meses a sua vida foi uma destas
vidas como era comumente naquela época, e o é ainda hoje, a do homem do povo
que, a não ser nos claustros, tentava cravar os dentes no pomo vedado ao pobre
– a aristocrática mandriice; uma vida inexplicável e milagrosa; uma vida, na
qual ao dia folgado da fartura e beberrônia impensadas seguiam muitos de
perfeita abstinência.”
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É isso!
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