A famosa noz de cacau só foi
importada em França no reinado de Luís XIII
e vulgarizada sob Luís XIV pela rainha
Maria Teresa que, apreciando muito
particularmente essa deliciosa bebida,
fê-la saborear por toda a corte.
Muito antes da França, os
habitantes de Guatemala conheciam as
propriedades dos grãos de cacau.
Havia duas espécies bem
diferentes: o “patelux", cacau
grosso, de cor avermelhada, sabor acre e amargo, e o "socouascho", um
pouco amargo, mas muito perfumado. Este era considerado tão precioso que, sob a
sua forma de amêndoa, servia de moeda corrente. Nesse tempo, servia-se o cacau
em copos de casco de tartaruga e incrustado de ouro e pedrarias.
Os espanhóis, depois da
conquista do novo Mundo, importaram o cacau, e dele fizeram um uso considerável.
O pó de cacau, misturado com leite, tinha sido batizado com o nome de chocolate.
As ricas crioulas faziam-se servir dele, no ofício do meio-dia, por seus escravos,
mas esse hábito foi logo interdito pelos oficiantes. As belas, porém, preferiram
renunciar à missa a abandonar o seu chocolate. É, pelo menos, o que conta um
historiador, que aproveita a ocasião para dar a entender que as mulheres foram
sempre mais ou menos gulosas.
Os grãos de cacau ficaram
desconhecidos na Europa, até que negociantes holandeses e ingleses,
reconhecendo todo o valor desse fruto, o importassem para o velho continente
pelo século XVII.
No fim desse século, o
chocolate foi objeto de vivas
discussões, nas quais tomaram parte madame de Maintenon e a princesa de Ursins.
Tratava-se de saber se essa
nova beberagem quebrava ou não o jejum da quaresma. As opiniões divergiram muito.
Os jesuítas, contudo, declararam que o chocolate, feito na água, não passava de
simples bebida, que podia ser ingerida, mesmo na quaresma.
Graças a essa publicidade, o
chocolate entrou rapidamente na moda. Fizeram-se então os bolos, as peças montadas
e os deliciosos bombons, que todos apreciamos hoje e que provocam tantos pecadinhos
de gula entre os meninos.
Sob Luís XV, todos os senhores
possuíam uma "bonbonnière" cheia de pastilhas de chocolate e, pelo
ano de 1705, criou-se mesmo um novo cargo, o de "chocolateiro da
rainha", cargo muito invejado, que tinha por missão fornecer à Sua
Majestade guloseimas delicadas e variadas todos os dias.
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Fonte:
Revista Vamos Ler!, edição de 05/01/1939.
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