A palavra superstição provém do verbo arcaico latino superstitare, que significa: elevar-se, conservar-se acima. O grande orador romano Cícero, no seu livro "De Natura Deorum" (Da Natureza dos Deuses), salienta que tal termo se deriva se superstes, que quer dizer sobrevivente, o que está por sobre algo, no sentido de que quando falta explicação para um fato, procura-se um elemento de instância superior. Seria talvez por isto que a palavra superstitiosus significava primitivamente: vidente, profeta. O Dicionário Houaiss define o termo como: "crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas, sem nenhuma relação racional entre os fatos e as supostas causas a eles associadas". Em seu artigo "Superstições e crendices", Lucas Alexandre Boiteux nos brinda com vários casos superstições populares, muitas das quais ainda hoje é observada por grande número de pessoas no Brasil. Vejamos:
A criança
brincar com a própria sombra (moléstia);
A criança
brincar com pente (defeca na cama);
A mãe
assistir ao batizado do filho (infelicidade);
Andar de
costas (Nossa Senhora chora, azar);
Apanhar de
rabo de arraia (entisica);
As crianças
brincarem de batalha (guerra próxima);
Beber água
no escuro (o diabo entra na gente);
Benzer-se à primeira
badalada do sino (é a badalada do diabo);
Chamar pelo
diabo em frente ao espelho (ele aparece);
Colocar a
toalha na mesa do avesso (comida não satisfaz);
Colocar
dinheiro sobre a toalha da mesa (desgraça);
Comer coração
de galinha (fica-se medroso);
Conservar
três luzes acessas no mesmo compartimento (desgraça);
Construir
casa em chão em que outra existiu (infelicidade);
Contar as
estrelas (nascem verrugas);
Criança não
chorar ao ser batizada (não se cria);
Cuspir no
fogo (entisica)
Dar à
criança o nome do pai (não passa dos 7 anos);
Dar dinheiro
pela janela (pobreza);
Dar fogo a três
pessoas na mesma ocasião (infelicidade);
Dar nós nas
tranças (morte próxima);
Deixar os
chinelos virados (vira-se o juízo, morte);
Derramar
sal, azeite ou tinta (moléstia ou infelicidade);
Desprender-se
um quadro da parede (morte de parente);
Dormir com
as mãos cruzadas nas ancas (infelicidade);
Dormir com
os pés voltados para a rua (morte);
Entrar em
casa qualquer cão desconhecido (moléstia);
Estar à mesa
e deixar cair a comida (parente com fome);
Falar sozinho (o diabo mete-se na conversa);
Galo cantar fora de horas (moça fugida);
Guardar a
roupa de uso do avesso (juízo virado);
Limpar a
casa de negócio das teias de aranha (maus negócios);
Manter malas
e baús abertos (cava-se a sepultura);
Moça comer a
crosta do pão (não casará);
Moça limpar
as mãos na barra do vestido (acaba sendo falada);
Mulher
casada comer oveiro de galinha (prolífera);
Negar água e
fogo (atrasos de vida);
O rato roer
o umbigo da criança (vira ladrão);
Passar a
ferro as meias (fica-e tuberculoso);
Roupa de
criança exposta ao luar (dor de barriga);
Sacudir a
toalha da mesa na rua (atraso);
Saltar à rua
pela janela (quem o faz acaba ladrão);
Senhora
casada comer frutos inconhos (gera gêmeos);
Sonhar com
dentes caídos (morte de parente);
Sonhar com
uvas brancas (lágrimas);
Ter búzios e
caramujos em casa (moléstias);
Ter quadros ou
modelos de navio em casa (atraso);
Torcer as
roupas das crianças de peito (dá dor de barriga);
Usar
fósforos de cera (infelicidade);
Vaca berrar
depois do sol posto (morte);
Varrer a
casa à noite (doença);
Varrer a
casa de dentro para fora (pobreza);
Ventar forte
no dia do casamento (marido mau);
Vestir ou
usar roupas do avesso (é mal falado);
Virar as
cadeiras (atraso para a casa).
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